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quarta-feira, 1 de julho de 2009

PARA VIVER MAIS É PRECISO COMER MENOS



Para viver mais, é preciso comer menos. O papel da restrição calórica na longevidade dos seres vivos, fenômeno demonstrado em ratos de laboratório pela primeira vez na década de 1930. De fato, nessas pesquisas iniciais ficou demonstrado que ratos submetidos a dietas de baixo conteúdo calórico viviam até 40% mais do que ratos alimentados "ad libitum" (liberados para comer quanto desejassem). Essa relação inversa entre a quantidade de calorias ingeridas e o número de dias vividos foi mais tarde confirmada em fungos, moscas, mosquitos, vermes, aranhas, sapos e peixes.

Experimentos mais recentes sugerem a validade dessa associação até em macacos, que são primatas, como nós. Partindo do princípio de que a natureza não demonstra interesse em favorecer a sobrevivência de qualquer espécie e de que a evolução não criou nenhum mecanismo exclusivo para beneficiar ou prejudicar a espécie humana, na palestra acrescentei ser altamente provável que uma dieta pobre em calorias também retardasse o envelhecimento e prolongasse a vida humana.

Nesse momento, numa das cadeiras da frente, um rapaz de rosto redondo e corpo avantajado reclamou: - Se for para viver sofrendo, prefiro morrer mais cedo! Para consolo dos que concordam com a filosofia acima, as bases moleculares que explicam o mecanismo pelo qual a restrição calórica retarda o envelhecimento têm sido esmiuçadas nos últimos anos e conduzido a conclusões surpreendentes, segundo revisão publicada na revista Science por Stephen Hall, autor do livro "Mercadores da Imortalidade". Nessa linha de trabalho, pesquisadores de Harvard demonstraram que algumas pequenas moléculas presentes nos vegetais conseguem mimetizar os efeitos da restrição calórica prolongando o tempo de vida de certos fungos em até 70% e protegendo células humanas dos efeitos letais das radiações ionizantes.

Tais moléculas pertencem à família dos polifenóis, substâncias encontradas em uvas, vinho tinto, óleo de oliva e outros alimentos. Pesquisas realizadas no MIT, em Boston, permitiram demonstrar que, nos fungos, essas moléculas agem por meio da ativação de um gene chamado SIR2. A ativação desse gene resulta em aumento da longevidade do fungo. E mais: se retirarmos o gene SIR2 do fungo e o submetermos à restrição calórica, não acontece o esperado aumento de longevidade, demonstrando ser ele essencial ao controle de duração da vida. Mecanismo semelhante parece ocorrer também em vermes e nas mosquinhas que voam sobre bananas maduras, as drosófilas. Em células humanas também, graças à ação dos polifenóis sobre um gene análogo àquele existente nos fungos, batizado como SIRT1. Procurando novas moléculas com propriedades semelhantes às dos polifenóis, o grupo do MIT identificou mais 15 compostos. O mais potente deles é o resveratrol, encontrado na uva e no vinho tinto, substância capaz de potencializar a atividade do gene SIRT1 humano. Essa capacidade do resveratrol em ativar o gene SIRT1, ligado à longevidade, tem sido invocada para explicar o paradoxo francês: a constatação de que, apesar da dieta rica em gordura, os franceses apresentam 40% menos ataques cardíacos do que os americanos, diferença classicamente atribuída pelos epidemiologistas ao consumo generalizado de vinho tinto na França.

Qual seria a lógica para a natureza conservar na evolução de espécies tão diversas quanto fungos e homens genes cuja ativação prolonga a longevidade das células? Por que razão compostos como o resveratol produzidos em plantas ativariam esses genes em animais?

A resposta foi dada por T. Dobzhansky, um dos mais influentes geneticistas do século, décadas antes dessas experiências terem sido realizadas: "Nada na Biologia faz sentido, exceto à luz da evolução". Genes capazes de interromper o processo de envelhecimento e, conseqüentemente, de aumentar a longevidade entrariam em ação nos momentos de estresse, como aquele representado pela falta de alimentos, por exemplo.

Na seleção natural, indivíduos portadores desses genes provavelmente levaram vantagem reprodutiva sobre os que envelheciam mais rapidamente quando as condições do meio se tornavam desfavoráveis. Da mesma forma, as plantas capazes de sintetizar compostos dotados da propriedade de ativar esses mesmos genes, nas fases de estresse ocasionado pela falta de água ou nutrientes no solo, também levaram vantagem seletiva. Como todos os seres vivos descendem de ancestrais comuns, não é de estranhar que os animais se beneficiem da ação desses compostos ao ingeri-los sob a forma de cacho de uvas, azeite de oliva ou copo de vinho.
Fonte: Drauzio Varella http://drauziovarella.ig.com.br/artigos/uvlongevidade.asp

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